Governo lança portal para ampliar divulgação de projeto e Fundo Pró-Leitura é destinado a formação de bibliotecários e voluntários no incentivo a leitura
Monteiro Lobato declarou que “Um país se faz de homens e livros.” O escritor é apontado como o autor mais admirado pelos leitores na última pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil” realizada em 2007. A mesma pesquisa apontou que 55% dos brasileiros são leitores, ou seja, leram, pelo menos, um livro, didático ou não, nos últimos três meses. A leitura é associada ao conhecimento por 26% dos brasileiros, o que significa que seu valor, apesar de não ser refletido no hábito da leitura, é reconhecido pela população.
Com o objetivo de incentivar e promover a leitura, representantes dos governos federal, estadual e municipal, da sociedade civil e do setor produtivo se reuniram em Brasília, no dia 7 de outubro, para o Fórum Nacional Mais Livro e Mais Leitura nos Estados e Municípios, que lançou o projeto A Leitura e o Livro nos Planos Municipais e Estaduais (PMLL e PELL). Na ocasião, foi exibido aos participantes o projeto de um novo portal na Internet, intitulado Mais Livro e Mais Leitura (http://www.pnll.gov.br/), que foi inaugurado no dia 15 de outubro. O fundo Pró-leitura é outra ação relacionado ao incentivo à leitura.
A proposta de criação do fundo começou a ser discutida quando o governo dispensou a cadeia produtiva de livros de pagar PIS e Cofins. A desoneração pretendia reduzir os preços dos livros e, indiretamente, aumentar a compra de livros. O fundo seria composto de 1% do valor arrecadado pelo setor, sendo destinado a financiar políticas públicas na área da leitura e das bibliotecas, como, por exemplo, a formação de bibliotecários e voluntários que agem pela multiplicação da leitura.
A formação do fundo, apesar de ter o apoio de instituições ligadas aos produtores de livros, gera críticas baseadas na redução do lucro de empresas ligadas a distribuição, que já apresentam lucro reduzido, e no provável aumento do preço dos livros, provocado pela necessidade de direcionar 1% da arrecadação ao projeto. No entanto, a postura do governo merece mais destaque. Em três anos, pouco foi feito para planejar e gerir o fundo. Além disso, mais do que a preocupação em arrecadar para fornecer espaços e livros, é importante a conscientização da importância do hábito da leitura.
A estudante do Ensino Médio Caroline Abreu, de 17 anos, contraria os dados da pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, que aponta uma porcentagem maior de leitores quanto maior for o nível de renda, a escolaridade e que, em casas onde há um professor, a leitura é 15% mais apontada como hobby do que nas outras residências. Caroline é filha de professora, tem livros em casa e condições de comprar livros de seu interesse mas afirma preferir filmes a livros. “A leitura é algo que leva o leitor a imaginar sua própria cena. Gosto de coisas concretas, em que possa avaliar o bom e o ruim.” Também não é capaz de imaginar uma alteração nos livros que mudasse sua postura. “Livro é livro, existem as pessoas que gostam e as que não gostam”.
Bruno Serrano, 17 anos, estudante do ensino médio, tem um perfil semelhante ao de Caroline, contrariando a pesquisa. Bruno explica que a leitura de livros lhe provoca dor de cabeça, e não despertar seu interesse, mas costuma ler notícias pela internet, por causa do tempo. O estudante o papel da leitura nas escolas poderia ser mudado para promover um incentivo diferente a leitura. “Nas escolas os livros são lidos como obrigação, e não por lazer.”
A estudante Nathalia Ambrósio, de 18 anos, prefere ler um livro a ver um filme, e só não o faz mais por falta de tempo, e pelo preço dos livros. “Quem me estimulou a ler foi minha mãe que sempre comprava gibis para mim quando eu era pequena e depois me dava de presente os livros que eu queria.” Fora os livros necessários para o estudo (Nathalia faz curso pré-vestibular), a estudante lê, no mínimo, 4 livros por ano, a maioria de ficção, com temas românticos.