A África do Sul sediará a Copa do Mundo desse ano com um grande desafio: mostrar que o racismo não está mais nos esportes. “A maior contribuição para a África do Sul ao sediar a Copa do Mundo é o país poder mostrar ao mundo que o apartheid é algo do passado, embora ainda com marcas profundas em todo o território”, explica o professor da Unesp José Carlos Marques, pesquisador de comunicação no esporte. Até 1990, o regime restringia o acesso dos “não-brancos” a terras, empregos, educação e locais públicos.
A discriminação foi refletida no esporte: o futebol era o mais popular entre os negros e o críquete e o rugby o mais popular entre os brancos. Por causa do Apartheid, a África do Sul foi banida da FIFA, e só voltou a integrar a federação em 1992. Mesmo após o fim do regime, a preferência da população ainda segue uma tendência da época, como observou o estudante de direito Pablo Palaro, 22, que morou no país em 2006 “Os esportes mais praticados no país eram o Rugby e o Cricket, entre as populações brancas, e o Futebol, nas populações negras.”
Diferentemente do que acontecia no período da segregação, hoje as equipes não obedecem a uma divisão racial. “Na nova África do Sul, não há um preconceito entre as exceções, mas entre os mais velhos era comum que cada uma das "nações" só entendesse do esporte que mais frequentemente torcia no passado.” Comenta Pablo.
O professor Marques lembra que além do futebol ter um histórico de jogadores brancos, o rugby foi importante para a união nacional após a vitória de Nelson Mandela na eleição de 1994, a primeira em que os negros puderam votar.
O episódio destacado pelo professor é retratado no recente filme Invictus, estrelado por Morgan Freeman e Matt Damon. O filme mostra a primeira copa mundial de Rugby disputada na África do Sul, da qual a seleção sul-africana saiu campeã. O filme e a copa também são lembrados por Andy Colquhoun, Diretor de Comunicação Estratégica da South African Rugby Union, União Sul-africana de Rugby. “O primeiro título mundial da Springboks, de 1995, foi assunto do filme Invictus, e o jogo mantém sua popularidade extremamente alta.”
Colquhoun destaca a popularidade dos jogadores da seleção sul-africana de Rugby e conta que um dos jogadores, Bryan Habana, foi escolhido como a Estrela esportiva mais popular da África do Sul. O que não seria possível durante o Apartheid, já que Habana é negro.
Crédito: Gallo Images
Esportista mais popular do ano passado é negro em esporte de tradição branca
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