sábado, 15 de agosto de 2009

Raridades são encontradas por preços altos

A maior coleção de discos do mundo, que apresenta 3 milhões de LPs e 300 mil compactos, incluindo um disco fabricado em 1881, está a venda. Por enquanto o dono dessa coleção é o americano Paul Mawhinney e antes que alguém decida pagar alguns milhões de dólares pela coleção, o diretor de cinema Sean Dunne gravou um documentário em curta-metragem sobre a coleção de Mawhinney chamado The Archive. Paul Mawhinney não encontrou um comprador, apesar do preço de venda estar abaixo do valor que a coleção teria.

Arquivo de César Guisser

Disco "Não fale com as paredes" da banda Módulo 1000, um dos mais raros aqui no Brasil

No site dedicado a coleção, são apresentadas as principais características da coleção, além de haver uma explicação sobre a venda. Uma seção do site é dedicada a explicar a importância da coleção, que é comparada a documentos históricos, além de defender a superioridade da preservação material sobre a preservação digital. No encerramento da importância da coleção, é dito: “Se você começasse a ouvir as músicas dessa coleção no momento em que você nasceu, e ouvisse em todo minute de cada dia, no momemento em que você terminasse, você teria 57 anos de idade. É muita música. E é muita história.”

Quem não pode comprar essa coleção, tem seus tesouros ou desejos. Edições limitadas ou muito antigas acabam tornando alguns discos verdadeiras preciosidades. O colecionador Cesar Guisser tem o disco “Não fale com as paredes” da banda Módulo 1000, e gostaria de encontrar, entre outros, “Louco por Você”, o primeiro do Roberto Carlos, "Paêbirú" de Zé Ramalho e Lula Côrtes, e Yesterday and Today, dos Beatles, apelidado de Butcher por causa da capa com que foi lançado em que eles apareciam com bonecas sem cabeça e pedaços de carne. O colecionador Pedro Provazzi, que também gostaria de ter “Louco por você”, já o encontrou a venda por R$2500,00.

O “Butcher” e “Paêbirú” são apontados por Carlos Suarez, proprietário da loja Big Papa, no centro de São Paulo, como muito raros, “as perolas que o colecionador daria qualquer coisa pra ter em seu acervo”. “Paêbiru” também foi citado por Márcio Moraes, dono da ArtRock, como um dos lps “que são raros e caríssimos em todos os lugares”. Uma possível explicação para a raridade desses LPs é a pouca quantidade de cópias existentes. A versão de “Yesterday e Today” com a capa sangrenta foi vetada pouco depois de lançada, e 1200 cópias de Paêbirú foram atingias por uma enchente assim como a fita máster. Paêbiru foi relançado em CD e LP na Europa, mas não no Brasil, cada uma das 300 cópias que sobraram são avaliadas em R$4000.


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Blog e feira reúnem colecionadores

Os amantes da versão antiga do mp3 se reúnem na Feira Livre de Vinil

No filme “Se eu fosse você 2”, Helena (Glória Pires), numa discussão com o marido Cláudio (Tony Ramos) vai até a estante e pega o LP “White Álbum” dos Beatles. Diante do mais sutil perigo para o disco, Cláudio assume posição defensiva em relação ao refém, que é quebrado e pisoteado por Helena. O amor por seus discos é o que os colecionadores de discos tem em comum.

O colecionador Ricardo Seelig comenta que há colecionadores de todas as idades e gostos musicais “temos perfis parecidos, somos compulsivos, extremamente cuidadosos com nossos discos, sentimos vontade de pesquisar em lojas, e não emprestamos nossos itens.” Ricardo não chega a possuir 30 discos vinil da coleção que ultrapassou mil e quinhentos vinis e começou com Thriller, de Michael Jackson, que está presente em sua coleção de cerca de 1200 CDs e é escutado regularmente.

Apesar de considerar os CDs mais práticos e com qualidade de áudio superior aos LPs que eram produzidos no Brasil, ele vê vantagens no bolachão, “considero os LPs muito mais charmosos” afirma e também sente falta de seus antigos LPs “de vez em quando sinto uma saudade de ter de volta aqueles vinis clássicos”. Além de seus CDs e LPs, uma estante que toma uma parede inteira de seu apartamento também abriga cerca de 200 DVDs e revistas relacionadas à música.

O amor à música e aos discos é evidente no blog Collector’s Room que nasceu em outubro de 2008, a partir de uma idéia surgida na comunidade no Orkut, que foi criada por causa da contribuição que Ricardo faz ao site Whiplash, em que realizou 55 entrevistas a colecionadores de discos. As postagens do blog, feitas não só por Ricardo, mas também por jornalistas e colecionadores, tratam de músicas, bandas consagradas ou menos conhecidas, discos específicos, e é claro, apresentam coleções de discos. “Hoje já somos mais de vinte pessoas produzindo material para a Collector´s Room, o que me deixa extremamente satisfeito.”

Acervo César Guisser

O colecionador César Guisser exibe a sua coleção na Feira Livre de Vinil

Outra forma de reunião de colecionadores é a Feira Livre do Vinil de Santo André, região metropolitana de São Paulo. A primeira edição da feira aconteceu em junho de 2004 e procurava juntar aficionados em vinil num evento em que pudessem vender, comprar e trocar vinis, além de conversar sobre o assunto com outros apaixonados. A Feira é uma das poucas especializadas em vinil a atingir a regularidade mensal. Além de vinis, podem ser expostos fitas VHS seladas, fitas k7 originais, equipamentos, livros e revistas relacionadas ao vinil. CDs e DVDs não podem ser vendidos.

Arquivo César Guisser

A Feira reúne diversas pessoas interessadas em idolatrar os "bolachões"

Um dos organizadores da Feira, César Guisser, afirma que os freqüentadores tem um perfil variado “O público é variado homens e mulheres de 15 a 85 anos. Lojistas, colecionadores, juntadores.” Pedro Provazzi, que tamém organiza o evento, explica: “Todos podem vender, comprar ou trocar, porém temos a base de 30 expositores que vendem mais que compram.” Através do blog da Feira é possível acompanhar a data e o local das próximas edições.

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Colecionadores de vinil defendem qualidade superior

“Tanta informação e material são impossíveis de caber num CD por questões de espaço”, defende Cutrim.

Os discos de vinil protagonizam uma ascensão recente e uma expressão disso é a recorrência do tema nos meios de comunicação, além de mais artistas lançando seus álbuns em vinil e comunidades do site de relacionamentos Orkut com tópicos freqüentes e membros que nasceram depois do CD. O site da MTV, por exemplo, lançou um blog dedicado aos “bolachões”, o Viva o Vinil, que traz, além de postagens do jornalista Daniel Vaughan, curiosidades sobre o vinil, colecionadores, e endereços de sebos em que se pode encontrar discos e vinil.

Márcio Moraes, proprietário da ArtRock, loja de discos da Galeria Nova Barão, no Centro de São Paulo, observa um crescimento na busca por discos de vinil, mas destaca que isso não ocorre em todos os gêneros, os lançamentos concentram-se nos discos de Rock e MPB. “Na Europa e Estados Unidos isso é muito comum. Qualquer banda lança”. Além da Europa e dos Estados Unidos, o Japão é outro país que não fez como o Brasil, que trocou os LPs pelos CDs. Nesses países, a fabricação de discos de vinil, e os lançamentos deles junto com os CDs é comum. Como o vinil conquista tantos adeptos na era do mp3?

Acervo de Joaquim Cutrim

Joaquim Cutrim é um dos fanáticos por vinis e pesquisa o assunto há cinco anos


O colecionador de discos Joaquim Cutrim explica que os discos de vinil unem vários atrativos artísticos além da qualidade sonora. Os discos de vinil podem trazer fotografias do artista, na capa, ou a parte, arte gráfica na capa, ou no próprio disco, e até literatura, quando declarações, críticas, informações culturais, e a história do artista estão presentes. “Tanta informação e material são impossíveis de caber num CD por questões de espaço”.

Ele defende que a qualidade da música gravada no vinil é superior a do CD por ser analógica, assim como a percepção do ouvido humano. “O som que é registrado mecanicamente em forma de sulcos dentro de um LP é exatamente o espelho do som real tocado pela banda no momento da gravação”. Joaquim conta que quando o CD surgiu, ele acreditava que sua qualidade seria superior à do Vinil, “tanto que desfiz-me de 60% da minha coleção”, comenta. Ao notar os defeitos do CD, ele sentiu-se traído, e criou o blog Vinil na Veia para defender as vantagens dos vinis.


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O retorno do vinil

Reativação de fábrica brasileira de discos vinil levanta discussões sobre o sucesso entre colecionadores


Enquanto os músicos tentam conquistar mais fãs disponibilizando seus álbuns para a venda em mp3, alguns apreciadores de música seguem um rumo oposto cultivando sua coleção de discos de vinil.

A reativação da fábrica brasileira de discos de vinil Polysom pode colaborar com esses audiófilos. A fábrica, que fica em Belford Roxo, no Rio de Janeiro, estava parada desde outubro de 2008 e voltou à atividade no início desde ano ao ser comprada pelo presidente da gravadora independente DeckDisco, João Antônio. A fábrica está sendo reformada desde maio e, as etapas da reforma podem ser acompanhadas através de sua página no twitter. O papel que a reativação da Polysom vai ter nessa “nova onda” do vinil divide opiniões.


O advogado colecionador de discos de vinil Joaquim Cutrim, que possui cerca de 700 discos, acredita que João Antonio se dedicará a reforçar a volta do vinil, mas não vê os discos de vinil se tornarem popular mais novamente. “De início, não somente colecionadores, como aqueles pertencentes à classe média e alta, além de muitos cantores, serão os principais fregueses da volta do vinil.”. Ele explica que para aproveitar a qualidade som que o vinil oferece são necessários amor à música e um bom toca-disco. Ele afirma que o vinil “será uma opção mais cara por fidelidade, qualidade fotográfica e durabilidade indeterminada.”

Acervo de Pedro Provazzi

Provazzi vê a Feira como uma excelente maneira de trocar informações
 


O publicitário editor do blog Collector’s Room Ricardo Seelig acha que a atuação da Polysom no retorno do vinil vai depender dos títulos que serão relançados. “Se fizerem como a Sony, que relançou alguns LPs a 80 reais em álbuns que são encontrados, com extrema facilidade, a um real em sebos, a coisa fica realmente difícil.” A qualidade dos discos é outro fator determinante. Com o surgimento do CD, Ricardo se desfez dos quase dois mil discos de vinil que possuía, tendo substituído quase totalmente sua antiga coleção por versões em CD.
Acervo César Guisser

César Guisser, um dos organizadores da Feira

A principal forma de aquisição dos discos no Brasil é através de sebos, e feiras de antiguidade, por exemplo, ou especializadas em Discos de Vinil, como a Feira Livre do Vinil, que acontece desde 2004 em Santo André com freqüência mensal. Sobre o que leva um colecionador a vender seus discos, Pedro Provazzi, um dos organizadores da Feira, cita que “Muitos não têm mais o equipamento para tocar, ou ele está quebrado, geralmente nós desestimulamos e informamos um local para conserto, ou há vendas quando os discos eram de alguém que faleceu.” De acordo com César Guisser, que também organiza a Feira, os colecionadores de discos que põem parte de sua coleção a venda têm álbuns repetidos, não têm mais espaço em casa, ou precisam de dinheiro.


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