quarta-feira, 10 de junho de 2009

A diferença entre os chás não se restringe às cores

Os chás divergem quanto ao processo de fermentação e método de secagem, além do teor da cafeína



Dieta do chá verde, dieta do chá branco, dieta do chá vermelho... Olhando as revistas de qualquer banca não faltam capas de revista indicando dietas, e nem o chá ideal para cada tipo de regime. A fitoterapia, o uso de ervas e chás, é antiga e sua origem está ligada especialmente as culturas milenares asiáticas. No entanto, ainda há muitos conhecimentos que envolvem sua utilização e que não foram compartilhados e disseminados.

Nos cursos universitários de Farmácia há uma crescente preocupação no estudo da fitoterapia, além de haver iniciativas de projetos de extensão e cursos complementares na área.

O professor Fernando Neves explica que na grade curricular já há "duas disciplinas específicas na área de fitoterapia: farmacognosia e farmacobotânica, nas quais o aluno tem contato com as metodologias de análise e identificação de espécies vegetais de interesse medicinal, além de métodos de preparo, extração e purificação dos principais constituintes ativos das plantas”.

Além disso, há uma preocupação em se ressaltar a importância farmacológica do uso de plantas medicinais, tanto o uso terapêutico como o uso irracional. De acordo com Neves, há um projeto de se abrir na USC um curso de fitoterapia, contemplando o estudo farmacobotânico de plantas medicinais, os métodos de obtenção e preparação de extratos vegetais, o controle de qualidade de plantas medicinais e aspectos farmacológicos do uso de fitoterápicos.

Dietas dos chás

Na busca pelo emagrecimento, a diferença entre os chás não recebe muita atenção, e muitas pessoas chegam a pensar que somente a cor os diferencia. Camellia sinensis é o nome científico dos conhecidos chás verdes, chás brancos, chás vermelhos, chás pretos e banchás.

Camila Fernandes

A diferença está na constituição que recebem, na influência das partes utilizadas na produção do chá, no grau de fermentação e até no método de secagem. Os chás verde e vermelho, por exemplo, só utilizam as folhas. Enquanto o vermelho sofre 80% de fermentação, o verde não sofre nenhuma. O banchá também não sofre fermentação, mas sua secagem é feita ao sol, enquanto a do chá verde exige vento quente e estufa.

Quanto aos efeitos, os cinco tipos têm em comum as ações antioxidante, diurética e tônica. Os tipos verde e preto também podem reduzir os riscos de derrame, inclusive os menores responsáveis pelo mal de Alzheimer. Em relação ao emagrecimento, o efeito da Camellia sinensis está ligado à aceleração do metabolismo, devido à presença de cafeína na composição. Os chás, não, podem, portanto, serem tomados sem recomendação médica. Quem sofre de problemas cardíacos, por exemplo, não pode tomá-los.


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Vai um chá aí?



A fitoterapia – ramo da medicina que trata por meio de ervas - também exige orientação médica

"É natural e não faz mal" é uma frase recorrente entre os que defendem o uso de medicamentos fitoterápicos sem acompanhamento médico, mas essa atitude já não é mais aceita.
“O dito popular ‘é natural e não faz mal’ não deve ser levado ao pé da letra, principalmente, para plantas medicinais”, explica o professor de Farmácia da Universidade do Sagrado Coração (USC), Fernando Neves. A preocupação do professor, compartilhada por autoridades médicas e farmacêuticas é a do uso indiscriminado desses produtos.
A estudante de 19 anos que preferiu não se identificar usa remédios fitoterápicos para tratamento da rinite há cerca de um ano. Ela, como muitos outros usuários dessa medicina alternativa, iniciou o tratamento sem indicação médica. “Até agora não fez mal”, afirma a estudante.
Camila Fernandes

Por ser a fitoterapia uma técnica de tratamento considerada natural, pela utilização das substâncias químicas das ervas, de forma a permitir ao paciente "reconhecê-las", ao contrário do que ocorre na produção dos medicamentos sintéticos, é comum pensar que o medicamento manipulado não tem efeitos colaterais, o que não é real.
O princípio ativo encontrado nas plantas tem uma faixa de ação. Abaixo dessa faixa; acima, pode ser tóxico. Assim, se ela for muito estreita, o controle que deve ser feito precisa ser ainda maior. Outra influência é a colheita das ervas. O produto, ao contrário do que se acredita, não se restringe às folhas de uma planta.
Ele precisa ser minuciosamente selecionado, já que o processo de plantio, crescimento e colheita, além de incluir fatores climáticos, que auxiliam em seu desenvolvimento, sofrem a “ação de animais, aves e, principalmente, insetos. A planta pode, portanto, conter algo indesejado.

Outra dúvida constante entre os que utilizam da fitoterapia, ou gostariam de utilizar, é sobre as formas de entrar em contato com o princípio ativo. As mais comuns são:
Infusão: Em que a água só entra em contato com as ervas depois de fervida, como a maioria dos chás;
Decocção: Processo no qual as ervas e a água vão juntas à fervura, como se pode fazer com a arruda para a lavagem de ferimentos;
Camila Fernandes

Tintura: Em que uma porção específica de ervas é deixada em maceração num determinado volume de álcool, como se faz com a calêndula, usada no tratamento de doenças na garganta;
Cápsulas: Extrato da erva que é armazenado seco em pequenas porções concentradas. Essa forma é usada em uma infinidade de tratamentos e ervas;
Pomadas: Servem para uso tópico, como a cânfora;
As formas adotadas não são exclusivas de certas espécies de chás. Pelo contrário, a grande maioria das folhas utiliza de mais de um tipo, conforme a função farmacológica que pretende desempenhar.


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