segunda-feira, 6 de julho de 2009

A segunda revolução hormonal

Queda da fertilidade e excesso de calor afetam a vida das mulheres que passam pelo climatério

Posteriormente à menarca, a menopausa - que identifica a última menstruação - é o marco mais importante na vida de uma mulher, mas os transtornos começam bem antes e se estendem bem depois da menopausa, no período que é chamado de climatério.

O climatério começa com a queda da fertilidade da mulher, que costuma ocorrer pouco depois dos 35 anos e vai até o início da chamada terceira idade. Entre os sintomas que se manifestam estão alguns semelhantes a uma Tensão Pré-Menstrual (TPM) mais intensa, além de ondas de calor, dificuldade para dormir, irregularidade no ciclo menstrual e transpiração em excesso.

“Nos homens, a transição acontece de forma bem mais lenta", explica o urologista Adriano Cardoso Pinto em reportagem da revista Saúde. Isso é explicado pelo fato da espermatogênese – produção dos espermatozóides – ocorrer constantemente. As mulheres, ao contrário, já nascem com uma quantia determinada de folículos que originarão os óvulos, e com o passar do tempo, além de parte desses folículos morrerem, outra parte envelhece, não originando bons óvulos.

Thomas Northcut


A menopausa não deve mais signifcar um fim, mas o começo de outra etapa

A assistente de vendas Fátima Vicentin, 48 anos, conhece o que é viver o climatério. Por causa do estresse, surgido em seu corpo pelo tratamento contra um câncer de mama enfrentado aos 38 anos, Fátima teve sua última menstruação precocemente, entre os 42 e os 43 anos. Ela conta que todos os sintomas são incômodos, mas o que mais a irritava na época eram as ondas de calor e suor. “Às vezes eu estava conversando no trabalho e começava a suar abundantemente. Eu não sabia o que fazer na frente de estranhos.”

Não são somente sintomas físicos que a menopausa provoca, mas também depressão e irritabilidade estão entre as críticas das pacientes. Fátima conta que a queda drástica da fertilidade a deprimiu. Os planos de um segundo filho adiados pelo tratamento contra o câncer foram impossibilitados pela menopausa. “Foi muito difícil quando percebi a queda da fertilidade, a impossibilidade de poder gerar outro filho.”

Além disso, as mulheres percebem uma alteração intensa do corpo, que muda de forma, passando a acumular gordura na cintura. “Meu oncologista fala que antes da menopausa o corpo feminino é violão e, depois, pêra”, comenta Fátima.

Outro mal provocado pelo climatério é a osteoporose, que é agravada pela baixa na produção de estrógeno, responsável pela fixação de cálcio nos ossos. Para amenizar os problemas provocados pelo climatério, alguns ginecologistas indicam a reposição hormonal, que varia de acordo com o organismo da mulher, mas que em algumas não surte efeito. O ideal é que se faça um acompanhamento médico antes do início do climatério. Assim, o ginecologista pode indicar a melhor alimentação para manter constante o humor e, principalmente, para evitar os males e incômodos mais recorrentes.

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Adulta cada vez mais cedo

Meninas e mães têm dificuldade em lidar com a primeira menstruação mesmo nos tempos de hoje

O corpo feminino chama a atenção por ser movido a hormônios. Na fase fértil, que acontece na teoria, da primeira a última menstruação, mensalmente o corpo se prepara para uma gravidez. É pouco antes da primeira menstruação e pouco depois dela que há uma explosão hormonal que transforma o corpo da menina no corpo de mulher. E hoje a tendência entre as meninas é que a menarca – como é chamada a primeira menstruação – ocorra cada vez mais cedo.

Essa antecipação relaciona-se com o funcionamento precoce de glândulas responsáveis pela secreção e hormônios. O motivo da precocidade ainda não foi definitivamente determinado. As hipóteses circulam entre a diferença na alimentação, a ingestão de conservantes com efeitos hormonais e uma possível ingestão de hormônio animal presente nas carnes, e até mesmo na água, como observam os ginecologistas Zsuzsanna Di Bella e Felipe Lazar em reportagem da UOL.

Os problemas que o adiantamento da menarca podem trazer são tanto físicos, como baixa estatura e gravidez precoce, como psicológicos: a menina pode não entender o que acontece com seu corpo.

A assistente de vendas Fátima Vicentin, de 48 anos, compreende a confusão que pode ser a primeira menstruação de uma garota. Ela tinha 15 anos, mas considerava-se uma menina e se sentiu traída com aquela mudança em seu corpo. “Ter 15 anos naquela época não é o mesmo que ter 15 anos hoje e nem o que era ter 15 anos há 10 anos. Eu precisaria ter uma rotina diferente, uma postura diferente”, declara Fátima.

É essa a nova rotina que meninas de 10 anos enfrentam hoje. Para tornar a vida dessas “mocinhas” mais fácil, o papel dos pais é importante. Eles devem ser vistos como uma fonte confiável de informações que estará disposta a tirar as dúvidas que surgirem. Explicar o porquê de ocorrerem mudanças no corpo é uma das maneiras de mostrar que a mudança é natural. Ainda hoje as explicações só ocorrem na escola e entre amigas. Fátima diz que sua mãe não falou no assunto antes e, depois, o máximo que fez foi explicar os aspectos práticos, como a utilização do absorvente.


Nathan Blaney


A estudante Lívia*, de 17 anos, conta que a informação que tinha ao ficar menstruada pela primeira vez veio das aulas que teve na 4ª série sobre corpo humano. Sua menarca aconteceu aos 12 anos. “Eu me senti bem, porque todas as minhas amigas já tinham menstruado.” A estudante Caroline Abreu, de 16 anos, é do clube das insatisfeitas com a menstruação. “Não queria de jeito nenhum que isso acontecesse”, afirma Caroline. A garota menstruou pela primeira vez aos 14 anos e foi a última entre suas amigas. Ela sabia o que estava acontecendo com seu corpo, mas acreditava que muito em sua vida seria mudado. “Era como se eu tivesse que arcar com responsabilidades que antes não tinha.”

Quando perguntada sobre a precocidade que vem ocorrendo, Lívia acredita que, se as meninas menstruassem mais tarde, aproveitariam mais a infância, mas, se tivesse uma filha, e pudesse conter o adiantamento da menarca dela através de medicamentos, não o faria por achar que tudo deve ocorrer como o corpo manda. Caroline e Fátima concordam que, se tivessem uma filha, e soubessem que ela vivenciaria a menarca antes de uma maturidade psicológica, recorreriam a um adiamento se tivessem garantias que isso não prejudicaria o organismo da menina.

* O nome Lívia é fictício.


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